ALENCASTRO, Luíz Felipe. O trato dos viventes- Formação do Brasil no Atlântico Sul - Séculos XVI e XVII- P 11-42.
O autor traça nesse texto a trajetória da metrópole portuguesa, no ultramar tentando pôr em prática sua política. Os conquistadores se empenharam por vários caminhos para se certificar do controle dos nativos e do excedente econômico das conquistas, houve nesse momento uma reorientação por parte da metrópole das correntes ultramarinas.
Pelo controle dos nativos os colonos travaram conflitos com o clero, passando por cima da ordem régia, para garantir seus domínios, uma coroa foi arquitetada para dominar esses nativos, porém exerciam um frágil domínio, exerceram essa política em três continentes (Ásia, América do Sul e África).
Toda uma política de controle e segurança sobre o território foi valida para os colonizadores, na América portuguesa, por exemplo, em 1534 medidas para o povoamento e a valorização do território foram tomadas, como a criação de quinze capitanias hereditárias cedidas a donatário, na intenção de assegurar o domínio comercial e político nesse território que os colonizadores acreditavam ter conquistados e por isso deveriam e precisavam manter o controle. Uma medida de controle foi o governo-geral que deu lugar a um movimento de centralização que reduz os privilégios donatários.
Dá para perceber que a coroa além de estar querendo o poder do domínio, reivindica também o direito da propriedade sobre as terras a conquistar e a tutela dos povos conquistados.
No que diz respeito ao trato negreiro, primeiro é necessário entender o quer dizer trato, trato (ou seja, a negociação) entre portugueses e africanos era feito através do escambo (troca). Os produtos oferecidos pelos portugueses interessavam aos africanos: tecidos, vinhos, cavalos, ferro (que era derretido e transformado em armas na África). Com essas mercadorias em mãos, os aliados dos portugueses conseguiam status social e, também, tinham maiores condições de enfrentar povos inimigos e, assim, podiam obter mais escravos para serem negociados com os portugueses. O trato negreiro não se reduz ao comercio de negros, quando a formação histórica brasileira, o trafico molda o conjunto da economia, da demografia, da sociedade e da política da América portuguesa.
Pode-se considerar o tráfico negreiro como o responsável pelo desenvolvimento do comércio português, o seu maior impulsionador. A escravidão africana, se transforma em escravismo, ao se tornar escravismo passa a ser um sistema produtivo colonial fundado na escravidão e integrado à economia-mundo, é um sistema estruturado de escravidão, o indivíduo nesse sistema é uma mercadoria lucrativa, faz parte de um política econômica. O escravismo, o trato negreiro, o motor transformador da economia colonial portuguesa. Além de tudo isso tinha o apoio dos clérigos, este apoio era dado a fim de que o escravo africano libertasse os índios da servidão imposta pelos colonizadores moradores do território.
“Inicialmente com base no trabalho compulsório indígena, a expansão açucareira brasileira será pouco tributária do africano e do comércio negreiro. Mutação devida a uma série de circunstância que merecem ser examinadas de perto”. (P.33).
O trato negreiro é um comércio administrativo, a instância política do sistema colonial, tem um papel decisivo na organização econômica do Atlântico. O trato dos africanos, submetido durante três séculos à potência européia que articulava o maior mercado de africanos, e o Brasil converteu-se no maior importador de escravos do Novo Mundo.
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