SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento – 6. Ed.- São Paulo. Atual,1988.
No século XI e XIV, conhecido como a Baixa Idade Média, o Ocidente europeu passou por um processo onde o comércio e as cidades se reergueram levando a desestruturação do sistema feudal.
Por volta do século XIV, esse processo entra em decadência, diversos fatores são colocados como o principal causador dessa crise pelos historiadores (Peste negra, a guerra dos 100 anos e as revoltas populares), são aspectos que juntos causaram grandes mudanças em todos os setores sociais. Com a decadência do feudalismo, as terras não são mais tão rentáveis, obrigando os senhores a vendê-las e apostar nas cidades, na verdade não havia outra saída, o comércio urbano estar sendo desenvolvido.
Não só o comércio, como a monarquia saíram fortalecidos da crise do século XIV, graças ao enfraquecimento político da burguesia. A burguesia via na monarquia a melhor maneira de expandir as rotas comerciais e se proteger.
Em meio a essas mudanças surge uma nova ordem social. Uma sociedade não pode se transformar e continuar com a mesma ordem social existente. A nobreza e o clero procuravam um novo lugar de destaque nesse sistema, junto às novas monarquias; camponeses e artesãos precisavam agora vender a sua força de trabalho para garantir a sobrevivência.
No campo do intelecto, surgi o renascimento. Movimento inovador, como caráter transformador. Dentro desse movimento existiu duas correntes, o humanismo e os utopistas.
Os humanistas, com o objetivo de dar início a um estudo diferente do tradicional baseado em estudos humanos, onde tentavam abolir a tradição intelectual medieval e de buscar raízes para a elaboração de uma nova cultura.
No movimento humanista a atividade crítica foi uma de suas características mais notável, foi feita crítica a cultura, a filologia, a história. Os humanistas voltavam-se para o agora, para o mundo do concreto dos seres humanos, com um controle maior do próprio destino. Era um grupo voltado a inovação dos estudos, dos pensamentos, centrava-se no individualismo e em sua capacidade realizadora. Possuíam perspectivas mais pragmáticas, propunham que o homem tomasse conta da religião.
Os humanistas construíram um grupo ousado ao seu tempo e que incomodou a muito. Alguns de seus membros foram mortos exilados ou acabaram morrendo a míngua. Dentro do humanismo houve inúmeras correntes diferentes, cada uma respeitando o individualismo da outra.
No que diz respeito a religião, fez-se uma critica severa a igreja, os humanistas acreditavam que a igreja apenas deveria seguir o evangelho, era o anseio por uma reforma religiosa.
Os utopistas, pregavam uma estrutura social com bases cristãs, um governo com estruturas baseado na democracia grega, pensava uma sociedade sem exploração, pregava o fim do valor do ouro na sociedade, valor em termos econômicos, acreditavam ser o valor do ouro o responsável pelos prejuízos da sociedade, apenas com a desvalorização do ouro o homem seria feliz.
O movimento renascentista em si não tinha a pretensão de ter caráter inovador, não ia contra a igreja, apenas tinha uma visão diferente da religiosa, colocava o homem no centro das coisas.
No que dizem respeito às artes, estas passaram a ocupar o centro no movimento renascentista, marcando e demonstrando o desenvolvimento nesse período, como os impulsos do processo de evolução das relações sociais e mercantis.
A arte foi importante para o movimento, mais não foi suficiente para “explicar” essas transformações. A arte renascentista é uma arte de pesquisa, de invenções e inovações, aperfeiçoamentos técnicos, acompanha as conquistas da engenharia, da física, da matemática, da geometria, da anatomia e da filosofia.
Leonardo da Vinci, por exemplo, foi responsável pelo primeiro atlas de anatomia, usando para pintar as pessoas, assim ele conseguia detalhar, destrinchar todo o corpo humano, é seu o primeiro estudo de anatomia. Para as suas artes conseguiu a permissão da igreja, ou melhor, era contratado por ela.
Apesar dessa arte renascentista, ser carregada de novas e diferentes perspectivas, a igreja financiava essa arte. Claro, que impondo suas limitações, ainda assim essa arte não perdeu seu caráter inovador.
Alem da igreja, outros financiadores dessa nova cultura investiam a burguesia, príncipes e monarcas; com o objetivo de uma contribuição cultural a época? É obvio que não. Gostariam em primeiro lugar ao financiar essas artes a autopromoção, a propaganda e difusão dos novos hábitos, valores e comportamentos. As artes deveriam conter uma visão que apresentasse o modo de vida e os valores da burguesia e do poder centralizado como única forma de vida.
Uma luta cultural, onde a burguesia queria se afirmar diante do clero e da nobreza, usando para isso a produção artística .